PROJETO/
PLANO DE AÇÃO
ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – E.M.E.I. LUIZINHO DE GRANDI - 2016
Bárbara Gai Zanini
Panta (Educadora Especial)
Tema: Deficiência Visual e
Educação Infantil: A importância da estimulação essencial e acessibilidade na escola.
OBJETIVOS
GERAIS
·
Oferecer o
Atendimento Educacional Especializado a serviço da Educação Especial na escola
de modo a complementar e/ou suplementar a formação do estudante conforme a
Política de Educação Especial, na Perspectiva Inclusiva SEESP/MEC; 01/2008;
·
Realizar diagnóstico pedagógico assim como
manter uma avaliação contínua de todo o processo de desenvolvimento do estudante.
·
Utilizar atividades lúdicas como alternativa
metodológica no desenvolvimento de habilidades primárias;
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
·
Valorizar as
características pessoais positivas e
potencialidades do estudante;
·
Trabalhar a
autoestima do estudante, com vista a um reflexo na sua aprendizagem;
·
Eliminar barreiras
físicas que impeçam o livre acesso do estudante a todos os ambientes da escola;
·
Auxiliar no processo
de acessibilidade através da produção de materiais para a localização e
locomoção;
·
Utilizar brincadeiras
e jogos adaptados às suas necessidades buscando o desenvolvimento global do estudante;
·
Buscar o envolvimento
da família do estudante com o atendimento e com a escola;
·
Realizar um trabalho
multidisciplinar envolvendo a professora de sala de aula, monitora, e outros
profissionais que auxiliam no processo de desenvolvimento do estudante.
JUSTIFICATIVA
O projeto elaborado para o
Atendimento Educacional Especializado para este ano na Escola Luizinho de
Grandi foi pensado a partir da inclusão de um menino com deficiência visual que
frequenta uma turma de pré-escola. O estudante já passou por um processo de
adaptação à escola e agora necessita de um olhar voltado ao seu desenvolvimento
enquanto indivíduo e também para a sua aprendizagem.
De acordo com a Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), a educação
especial como modalidade de ensino tem o papel de disponibilizar os serviços e recursos
próprios deste atendimento. Partindo deste princípio, pensamos a elaboração
deste tema de acordo com os objetivos da modalidade de Educação Especial e do
Atendimento Educacional Especializado.
O atendimento
educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e
de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes,
considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no
atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na
sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento
complementa e/ou suplementa a formação dos estudantes com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela. (SEESP/MEC, 2008)
Para
se integrar na escola e comunidade, a criança com deficiência visual, como
qualquer outra pessoa, precisa interagir, através de pessoas e objetos,
desempenhando atividades básicas de rotina, locais e externas, fundamentais
para a inserção no meio social, com autonomia.
Esse
processo de interação se inicia nos primeiros anos de vida da criança, assim
como os conceitos básicos que são construídos, esquema corporal, lateralidade,
orientação espacial e temporal são imprescindíveis para a construção da
autoestima da criança, e a falta da mesma acarretará uma dificuldade no
ajustamento á situação escolar.
Principalmente
as crianças com cegueira congênita, não conservam imagens visuais para o uso na
aprendizagem, e então é preciso uma reorganização perceptiva, onde os outros
sentidos são acionados para tentar suprir as dificuldades acarretadas pela
falta de visão. Em todos esses graus de deficiência visual
deve-se levar em conta o papel da estimulação essencial.
Segundo
Barraga (1976), sem levar em conta a cegueira congênita, a capacidade de visão
não é inata, depende de habilidades desenvolvidas em cada estágio do
desenvolvimento, com a estimulação da visão residual. No caso dos portadores de
cegueira congênita, os sentidos como o tato
e a audição devem ser estimulados, ignorando qualquer potencial de
visão.
Tendo
em conta o sentido que a visão fornece, por volta de 80% da informação, se
conclui a importância da estimulação dos outros sentidos no deficiente
visual. Os órgãos dos sentidos
revelam-se cruciais para o conhecimento do meio que nos envolve e a falha na
estimulação da criança interfere no processo do desenvolvimento global.
A
dificuldade na mobilidade pode representar uma restrição causada pela falta de
visão, por isso é de extrema importância que exista um acompanhamento adequado,
que permita à pessoa com deficiência visual superar as suas dificuldades e
exercer futuramente a sua autonomia, integridade física, assim como desempenho
na aprendizagem e nas tarefas do seu próprio cotidiano.
Utilizando
atividades lúdicas em grupo, que serão adaptadas e pensadas junto à professora
de sala de aula regular, buscaremos o desenvolvimento da linguagem oral,
corporal e expressiva assim como o avanço nas relações sócio afetivas, de
cooperação e solidariedade e a constituição do sujeito como cidadão autônomo,
inserido em seu contexto sociocultural.
A
utilização dos jogos possibilitará incentivar a criatividade, imaginação e
reflexão do estudante possibilitando a autodescoberta, autoestima e percepção
de si e do outro. Com as atividades na sala de aula regular junto aos colegas,
será estimulado o desenvolvimento das relações interpessoais, através do
diálogo, do convívio, da escuta, da troca de experiências, da ajuda mútua e
solidariedade.
Objetivos
específicos e traçados individualmente serão desenvolvidos através das
atividades diárias, tendo em vista a reorganização do esquema corporal,
aprimoramento da coordenação motora, orientação espaço-temporal, equilíbrio e
lateralidade.
Considerando
as particularidades do estudante, serão realizadas atividades que estimulem a autogestão
da vida prática, visando à autonomia, noções de alimentação, higiene,
vestuário, entre outras necessidades pessoais e o estímulo da comunicação a fim de desenvolver a linguagem oral,
compreensiva e expressiva.
REFERENCIAL
Nas atividades com jogo, é possível
desenvolver uma melhor comunicação, respeito pelo outro e a melhor aceitação de
restrições ou regras coletivas, além de autonomia pessoal. Segundo Almeida
(2008), a concepção sobre o desenvolvimento do indivíduo foi se modificando ao
longo da história, o mesmo está inserido em um meio onde recebe as informações,
assimila e as transforma.
Portanto,
o seu desenvolvimento cognitivo resulta da sua interação com o meio social em
que vive, estruturando esquemas e reconstruindo conceitos dos objetos sob os
quais interage. O jogo entra, então, como uma maneira de construção social,
pois está ligado ao contexto social em que o estudante vive, e, assim, os jogos
revelam a cultura de uma sociedade.
Vygotsky
(1998) afirma que o jogo é um fator muito importante do desenvolvimento e
mostra o significado da mudança que ocorre no desenvolvimento do próprio jogo,
com a predominância de situações imaginárias, para a predominância de regras.
Enfrentando
os desafios do jogo, o estudante utiliza recursos cognitivos parecidos com os
que são exigidos para a solução de problemas da sua vida diária e de situações
de aprendizagem em sala de aula.
Estas
atividades lúdicas envolveram aspectos motores, psicomotores, cognitivos e
afetivos, além do desenvolvimento da percepção visual, tátil, discriminação de
cores e formas, noção espaço-temporal, lateralidade, dentre outros aspectos do
desenvolvimento global.
Segundo
Winnicott (1975), é utilizando a criatividade que acontece realmente a
percepção, que se assimila o conhecimento. O jogo possibilita que o estudante
utilize a sua capacidade de criar, de experimentar diferentes processos de
pensamento, proporcionando esse processo de experimentação.
A
deficiência visual torna impossível o reconhecimento do mundo através de
imagens visuais. Por isso, A criança cega é muito dependente do tato, ficando
difícil projetar imagens mentais além das coisas que estão ao seu alcance. Além
disso, a falta da visão impõe uma maior dificuldade na percepção do próprio
corpo, que se mistura com as roupas, cobertas e móveis. O bebê cego não conta
com a visão para fazer a distinção fundamental entre seu eu anatômico e todos
os objetos do ambiente ao seu redor.
A
primeira fase do desenvolvimento tátil é a consciência das qualidades táteis
dos objetos. O sentido do tato começa com a atenção prestada a texturas,
temperaturas, superfícies vibráteis e diferentes consistências. Pelo movimento
das mãos, as crianças cegas se dão conta das texturas, da presença de
materiais, e das inconsistências das substâncias. Também, através do movimento
das mãos, as crianças cegas podem apreender os contornos, tamanhos e pesos.
Fraiberg
(1977) destaca a importância do ambiente familiar e da atitude dos pais no
desenvolvimento das potencialidades do deficiente visual. Quanto mais os pais
aprenderem sobre a criança, mais a poderão ajudar. Como acontece com todos os
pais, a mãe e o pai de uma criança cega querem que tudo o que acontece ao seu
filho desenvolva a autoconfiança e a independência. Querem que ele coma, ande,
se vista, brinque com outras crianças, vá à escola e tenha uma vida social como
todas as outras. Isso se torna muito difícil quando os pais não entendem que a
superproteção impedirá esta evolução da criança.
Para
Fraiberg (1977), é fundamental a criação de espaços suficientemente motivadores
que inspirem confiança e desenvolvam o gosto pela atividade motora. Com
capacidade de se locomover, de se comunicar, e de realizar todas as atividades
que qualquer pessoa necessita, o deficiente visual conquistará sua cidadania e
sua inclusão total na sociedade. E, consequentemente, poderá desenvolver todas
as suas potencialidades cognitivas que, muitas vezes, se torna perdida pelo
simples fato de não ter sido corretamente estimulada e incentivada.
Com
o intuito de realizar uma avaliação e acompanhamento contínuo do processo de
aprendizagem dos estudantes, utilizaremos como mais um recurso tecnológico a
publicação periódica das atividades no Blog do AEE (http://aeebarbara.blogspot.com.br/)
CRONOGRAMA
Ações a serem realizadas
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Março
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Abril
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Maio
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Junho
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Julho
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Agosto
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Setembro
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Outubro
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Novembro
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Dezembro
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Construção do Projeto/Plano de Ação
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Reuniões com a equipe diretiva e familiares
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Aplicabilidade e publicação: Blog
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Plano de AEE individual do estudante
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Ajuste
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Avaliação
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Especial. A
Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. MEC/SEESP, 2010
BRUNO, M.G.B. O desenvolvimento integral do portador de
deficiência visual. Da integração precoce a integração escolar. São
Paulo-S.P. Newswork, 1993.
COLL, Cesar;
PALACIOS, Jesus e MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento
psicológico e educação - Transtornos de desenvolvimento e necessidades
educativas especiais. 2ª edição, Porto Alegre: Ed. Artmed, 2004.
PIAGET, J. A Formação do símbolo na criança:
imitação jogo e sonho, imagem e representação. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar,
1975.
_____. Psicologia
e pedagogia. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1976.
VYGOTSKY, L. S. A
formação social da mente. Rio
de Janeiro: Martins Fontes, 1996.
_____. Pensamento
e linguagem. Rio de Janeiro:
Martins Fontes, 1998.
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. 1975.